Cavidade cársica situada no sopé do maciço da Serra da Arrábida, na sua vertente Sul, entre o Portinho da Arrábida e a Praia de Alpertuche, aberta em arribas escavadas pelo mar durante o Plistocénico. Apresenta bons exemplos de conglomerados provenientes de terraços marinhos de 12-15 e 5-8 metros, produzidos entre o último interglaciário e os inícios da glaciação de Wurm (100.000 Anos). Actualmente, o desnível da gruta, em relação ao nível do mar, ronda os 5 metros. A lapa apresenta uma entrada na falésia exposta ao Oceano, abrindo para uma grande sala.
Em 1940, G. Zbyszewski e H. Breuil documentaram um biface abbevilense, muito rolado, além de utensílios em quartzo do mustierense.
"abre-se em dois arcos na rocha, um que dá sobre o mar, outro que dá para fragas. Entra-se pelo que dá sobre o mar, até onde vos puder internar o vosso barquinho, como fazem os pescadores do Cabo quando vão ouvir missa ou levar oferenda à Santa da Lapa. De repente arqueia-se sobre vós a gruta silenciosa, cheia de uma frescura e de uma suavidade inalteráveis, sepultada num silêncio religioso que o roçar das ondas parece não interromper. Recorta-se irregularmente em caprichosas estalactites o côncavo da Lapa. Em alguns pontos, foram subindo do solo as colunas vítreas a que os naturalistas chamam estalagmites, e tanto cresceram que puderam fundir-se com as grandes massas de carambina pendentes da abóbada. Abraçaram-se e fizeram colunas que três homens não poderão abranger com os braços" - Alexandre Herculano.
in Revista Occidente, 1886 |
Bibliografia:
SILVA, C. T.; SOARES, J. (1986) – Arqueologia da Arrábida. Parques Naturais. Lisboa: Serviço Nacional de Parques, Reservas e Conservação da Natureza, 15, p. 29-30.
http://www.sesimbra.com/patrimonio/L_St-Margarida.html
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Fotografia de Ricardo Soares e Sara Navarro