Moinho do Setil | Ribeira de Lucefecit

Alandroal | Terena | São Pedro

Nas margens da Ribeira de Lucefecit, na encosta nascente do velho "castro" de Castelo Velho, harmoniosamente integradas naquelas paisagem de xistos, as ruínas de um interessante moinho e da sua represa:








«Na década de 1960, Dias (s/d.: 90) identificou cerca de 10 mil moinhos em actividade – 3 mil de vento e 7 mil de água, entre os quais 5 mil de rodízio. Tendo em conta as pesquisas levadas a cabo no Alentejo oriental, o número de moinhos hidráulicos de roda horizontal era aí bastante superior ao dos de roda vertical, que estavam confinados aos cursos de caudal reduzido que banham a área marginal ao dito alto Guadiana internacional, entre os quais as ribeiras de Varche, Vila Viçosa, Borba, Santiago Rio-de-Moinhos, Pardais e Bencatel. Os restantes cursos de água, entre eles o barranco de Quintos e os rios Caia, Guadiana, Degebe, Ardila e Brenhas, assim como as ribeiras de Lucefecit, Azevel, Alcarrache, Godelin, Odearce, Enxoé, Cardeira e Oeiras, possuíam moinhos de roda horizontal.»

«A par dos moinhos de roda horizontal, os referidos “textos” aludem às azenhas, termo que, para alguns autores, serve para designar os moinhos de água de roda vertical. Sampaio (1923) e Ribeiro (1945), por causa da derivação etimológica das palavras e pelo facto de no século X no Norte só conhecerem o moinho, quando a azenha já havia sido introduzida no Sul, são de opinião de que os moinhos que os romanos trouxeram para Portugal foram os de roda horizontal e de que as azenhas foram introduzidas pelos árabes. Dias (s/d.: 89-90) entende que esta tese é verosímil, mas impossível de comprovar. Oliveira, Galhano e Pereira (1983: 80) consideram que o argumento linguístico não é suficientemente forte para corroborar a hipótese segundo a qual a generalização das azenhas em Portugal “teria tido lugar a partir do domínio árabe”, dado que “os Romanos conheceram bem e usaram, sobretudo, a roda vertical” e uma vez que a “documentação existente sobre moinhos de água não autoriza a sua repartição com maior incidência das azenhas no Sul do país.»


in Silva, L. - Moinhos e Moleiros no Alentejo Oriental: Uma Perspectiva Etnográfica