Alandroal | Terena | São Pedro
As origens do castelo de Terena remontam à Baixa Idade Média, concretamente ao século XIII, altura em que o Alto Guadiana foi território de fronteira. As informações mais recuadas que possuímos dão conta de um foral passado à localidade em 1262, pelo cavaleiro régio Gil Martins. Desconhecemos se, logo após esta data, se terá iniciado a construção da fortaleza, mas tal iniciativa não se deverá afastar muito desta cronologia, dado o interesse que D. Dinis teve na consolidação desta linha de fronteira, em natural articulação com os castelos de Elvas, Juromenha e Alandroal.
Uma outra perspectiva situa a sua edificação apenas no século XV, por iniciativa de D. João I. Esta hipótese tem como fundamento a doação da vila de Terena à Ordem de São Bento de Avis, momento que pode ter implicado a renovação de uma estrutura anterior, não implicando, necessariamente, a total construção do monumento no século XV. De resto, já em 1380 se refere o castelo e a sua barbacã, o que indica claramente encontrar-se a fortaleza em construção.
Em 1482, D. João II nomeou Nuno Martins da Silveira como alcaide e, nas primeiras décadas do século XVI, o reduto foi objecto de uma ampla campanha de obras, que deixou marcas visíveis na estrutura. Todavia, é de considerar que uma parte considerável da fortaleza actual data, efectivamente, da viragem para o século XIV.
Planimetricamente, o castelo define um pentágono irregular (ao contrário das fortalezas manuelinas, que privilegiaram as plantas quadrangulares e racionais), a que se associam quatro torres circulares dispostas assimetricamente, com apenas uma protegendo um ângulo da muralha. A torre de menagem, de planta quadrangular de dois pisos, localiza-se a meio de um dos panos da cerca e implanta-se sobre a porta principal, protegendo-a por meio de uma pequena barbacã dominante, dotada de adarve e terraço ameado. A entrada principal, em cotovelo, revela bem o alcance das obras manuelinas, uma vez que é acedida por dois amplos arcos de volta perfeita, com impostas marcadas e decoradas com bolas e entrelaçados. Pensa-se que aqui tenha trabalhado Francisco de Arruda, ao redor de 1514, arquitecto reponsável pela alteração da entrada principal e da própria torre, dotando-a de um interior apalaçado.
A entrada original não se encontra bem definida, apesar de se saber ter sido desenhada por Duarte d'Armas em 1509. Este desenho revela uma estrutura harmónica, com entrada directa protegida de ambos os lados por cubelos associados à torre de menagem. Parece tratar-se de uma solução típica da arquitectura militar do período dionisino (eventualmente enriquecida por obras quatrocentistas). No lado oposto à entrada situa-se a Porta do Campo (também designada por Porta do Sol). Esta, apesar de ter sido entaipada durante as obras do século XVII, mantém a sua estrutura original gótica, de arco apontado ladeada por dois torreões circulares, numa estrutura simétrica bem ao gosto do Gótico pleno.
Em 1652, o castelo foi ocupado pelas tropas castelhanas, sendo que os nossos arquitectos de então não privilegiaram a fortaleza, preferindo, de longe, a fortificação de Elvas. Com efeito, não encontramos em Terena qualquer sistema abaluartado de defesa e, à excepção da Porta das Sortidas, deliberadamente voltada a Espanha, nenhum outro elemento evoca o bélico momento seiscentista.
Os séculos seguintes determinaram um progressivo abandono. No terremoto de 1755 registaram-se alguns estragos, não se podendo assegurar que se tenham realizado obras de restauro. A consolidação da estrutura chegou apenas no século XX, por intermédio da DGEMN, que efectuou uma primeira campanha em 1937, incluindo a reconstrução de um pano de muralha e a reinvenção de ameias. Na década de 80, realizaram-se diversos trabalhos na torre de menagem, de que importa destacar a reconstrução de abóbadas e uma série de adulterações aos elementos originais.