Cerro da Villa - Arqueologia & Arte



A estação arqueológica do Cerro da Vila (Vilamoura/Loulé) acolheu a exposição Dez Monumentais Esculturas Britânicas, entre 10 de Setembro de 2010 e 10 de Setembro de 2011. A iniciativa integrou-se no programa “Allgarve’10”, proporcionando aos visitantes o contacto com dez obras monumentais, da Colecção Berardo, expostas num espaço arqueológico que testemunha a passagem e permanência romana na região durante cerca de nove séculos.

Tony Cragg - Line of Thought (2006)


Henry Moore - Reclining Figure: Arched leg (1969/70)

Este singular conjunto escultórico, de importância artística e estética incontornável, é representativo de três gerações de escultores. Da tradição à renovação da escultura, este universo abrange os mais profícuos escultores da cena artística contemporânea britânica, da chamada “nova escultura Inglesa”, da qual é exemplo o escultor Tony Cragg. Tendo como grande referência a figura de Henry Moore, considerado o precursor da escultura moderna britânica do século XX, a exposição resulta numa diversificada e equilibrada leitura formal e temática, que vai desde as representações figurativas e antropomórficas, às mais abstractas e geométricas, passando pelas mais despojadas e metafóricas, todas elas enriquecidas pelo diálogo permanente com o espaço arqueológico que as acolhe.



Arqueologia & Arte

Zadok Ben-David - Looking Back (2005)

Peter Burke - Register (2003)

William Furlong - Walls of Soud (1998)

Lynn Chadwick - Ace of Diamonds III (2003)


Danny Lane - Stairway (2005)


F. E. McWilliam - Pillow of Strength (1965)


Allen Jones - Temple (1997)

Richard Deacon - Breed (1949)


e a Arqueologia...

O arqueossítio do Cerro da Vila registou uma ocupação proto-histórica da Idade do Bronze Final (Vinha do Casalão) – uma necrópole de cistas do chamado “Bronze do Sudoeste”.



A villa romana do Cerro da Vila terá sido edificada no decorrer do império de Augusto (27 a.C. - 14 d. C.) e estende-se por cerca de 12.400 m2. Trata-se de uma villa marítima industrial, ocupada por Romanos, Visigodos e Árabes, entre o século I e o século XI d.C. Dedicada à indústria tintureira e conserveira, a implantação romana organizou-se em dois núcleos populacionais e uma necrópole. Para o efeito, foi aberta uma barragem que servia toda a villa através de uma enorme rede de canalização, que também servia um complexo termal. No perímetro da estação ainda se podem observar os vestígios de uma pequena casa (domus), que terá servido de hospedaria, um conjunto de tanques de salga (cetárias) e de tinturaria, troços de canalização, vestígios de duas torres hexagonais (possivelmente de vigia) e um templo funerário com columbarium (nichos nas paredes para colocação de urnas). O porto, junto do qual o assentamento se estabeleceu, permitiu a sua dinamização, fomentando uma intensa actividade mercantil, tanto ao nível da importação como da exportação.

Complexo termal

Piscina - Natatio

Monumento funerário / columbarium

Área portuária

Mosaico com um esquema de estrelas de quatro pontas pretas em fundo branco e um meandro de suásticas de volta simples e quadrados na soleira. Na zona destruída da soleira podem ainda observar-se os vestígios de um mosaico mais antigo, a preto e branco, testemunhando as remodelações que ocorreram na casa e que contemplaram a colocação de novos mosaicos. O mosaico das estrelas foi colocado no momento das obras de ampliação e renovação na casa, durante a primeira metade do século IV d.C.

Elementos de mó e base de coluna em tijolo de quadrante

Torre hexagonal

Walk the Line ...


Um pequeno museu/centro interpretativo apresenta no local o mais representativo material arqueológico exumado na zona. 

Fica assim o registo de uma interessante e simbiótica proposta de convivência entre o Património Arqueológico e o Património Artístico. Um atractivo espaço cultural onde a Arqueologia e a Arte se fundem numa cápsula que perpassa os tempos.