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Lapa do Bugio (estação Isabel) | Arrábida


Cavidade descoberta por Rafael Alves Monteiro no dia 16 de Outubro de 1957, então baptizada por “estação Isabel”. Situa-se 150 metros acima do nível do mar, na faixa Mesozóica litoral da Serra da Azóia (Arrábida), a cerca de 500 metros da povoação com igual topónimo. Apresenta-se como uma galeria natural aberta em calcários do Jurássico, com cerca de 9 x 6 metros, albergando uma interessante necrópole, selada e inviolada desde a Pré-história.
Entre 1966 e 1967 foi alvo de escavações conduzidas por Rafael Monteiro, com a colaboração de elementos do Museu Arqueológico de Sesimbra, dos Serviços Geológicos de Portugal e do Museu Arqueológico de Belém. Para o efeito, foi posto em prática o método da grade e o sistema tridimensional, sendo exumado um valioso e diversificado espólio artefactual, contido num espaço relativamente reduzido e integrável em cronologias do “Neo-Eneolítico” e do “Eneolítico” (Neolítico Final/Calcolítico), com datações que apontaram para um momento entre os meados do 3.º milénio e os primeiros séculos do 2.º milénio a.C.
Entre o espólio artefactual, de referir: objectos em sílex, designadamente micrólitos trapezoidais, pontas de seta pedunculadas e de base côncava e recta, várias lâminas bem como dois núcleos de quartzo hialino; cerâmica neo-calcolítica, nomeadamente campaniforme; objectos produzidos em osso, como punhais, furadores, cabeças de alfinete, contas de colar, dois ídolos de tipo “Almeriense” e uma pequena escultura representando um par de coelhos; objectos em suporte calcário, destacando-se um ídolo cilíndrico com vestígios de ornamentação (tatuagem facial já muito desgastada) e dois outros belos exemplares de ídolo “Pinha” e de ídolo “Alcachofra”, este último morfologicamente semelhante ao capítulo da alcachofra de São João antes de desabrochar (Cynara cardunculus), o que poderá associar-se a remotas práticas queijeiras (a alcachofra enquanto natural coagulante do leite); um variado conjunto de contas de colar em minerais exógenos como calaíte, anfíbolite, serpentina, aragonite, amazonite; um interessante conjunto de placas de xisto de diferentes dimensões e tipologias, destacando-se duas pelas suas invulgares características e pelos motivos representados.
Relativamente ao espólio antropológico, identificado nas 11 sepulturas, no ossário e num nicho escondido, foi estudado e publicado por Agostinho Isidoro em 1964. Os dados aferidos revelaram uma estatura média provável dos indivíduos de sexo masculino da ordem dos 169,9 cm, e de 161,4 cm para os indivíduos do sexo feminino. O índice cefálico médio (78,9 cm) corresponde a uma mesaticefalia, característica nos Portugueses actualmente nascidos no sul de Portugal. Quanto à patologia dentária, apenas foram detectados três casos de cárie em 100 molares, indício de um saudável equilíbrio alimentar. Mais recentemente, em 2009, Ana Maria Silva e Rui Marques publicaram uma revisão dos dados antropológicos da Lapa do Bugio na nova Carta Arqueológica de Sesimbra - O Tempo do Risco. Os resultados apresentados reportaram-se a 105 peças ósseas e odontológicas, representativas de um total de 16 indivíduos: 6 do sexo masculino, 1 do sexo feminino e 1 não adulto. 

 
 
 
 

Monumento Megalítico de Santa Rita | Vila Nova de Cacela


O monumento megalítico de Santa Rita foi Identificado em 2001, na sequência de prospecções de levantamento do património cultural imóvel de Vila Nova de Cacela (Vila Real de Santo António). Na altura afloravam três esteios integrados no seu anel perimétrico. Encontra-se num plano de meia-encosta de um cénico anfiteatro natural que se abre a sul, em terrenos argilosos muito degradados.
Em 2006, o monumento foi alvo de uma primeira intervenção, dirigida pelo arqueólogo Nuno Inácio, que visou averiguar o estado de conservação do túmulo e dos níveis arqueológicos subjacentes. Cedo se percebeu que o monumento se encontrava selado, não tendo sofrido violações. Procedeu-se então ao registo integral planimétrico e fotográfico das estruturas emergentes à superfície; à interpretação e integração preliminar do túmulo megalítico dentro do contexto funerário de carácter regional; à execução de medidas de salvaguarda que permitissem a sua conservação para intervenção arqueológica subsequente, integrada em projecto de investigação de maior envergadura, comportando a valorização do monumento megalítico e a sua classificação. Nesta sequência, em 2007 realizou-se uma 2.ª campanha de escavação.
Os trabalhos desenvolvidos em 2007 e 2008 documentaram um contexto arqueológico definido por uma estrutura tumular com soluções arquitectónicas que mostram claras afinidades com os monumentos de Nora e Marcela, identificados por Estácio da Veiga na  região de Cacela. O excelente estado de conservação não só permitiu definir as pautas de construção e reconstituir o seu aspecto primitivo, como possibilitaram avaliar as práticas sociais articuladas à sua utilização como ossário (deposições secundárias). A existência de uma necrópole externa, onde foram identificadas seis sepulturas e um mínimo de oito indivíduos, enquadráveis cronologicamente num amplo espectro temporal, desde os meados do 2.º Milénio A.N.E. até finais do 1.º Milénio A.N.E., veio reforçar a sua importância como lugar de memória e de continuidade ritual. No entanto, a ocupação deste local parece estender-se até ao século IV ou V da nossa Era, como demonstram os contextos arqueológicos e os remanescentes artefactuais documentados.
As intervenções permitiram recuperar um túmulo megalítico edificado com blocos de arenito vermelho (grés), sendo constituído por câmara e corredor, bem definidos em planta e alçado, parcialmente implantado no local substrato geológico de xistoso-grauváquico. O corredor apresenta cerca de 5m de comprimento por 0,9m de largura, não ultrapassando 1m de altura. A câmara apresenta cerca de 5m de comprimento por 2,2m de largura e ainda conserva alguns esteios de cobertura. A sua porta de entrada foi esteticamente  diferenciada por uma moldura de peças de calcário. A câmara funerária seria depois coberta por um tumulus ainda conservado nalguns sectores. Delimitando o tumulus foi identificado um anel pétreo de lajes fincadas "em cutelo" no solo, num alvéolo de implantação escavado para o efeito. Um segundo anel foi ainda identificado a oeste de câmara.
Actualmente o monumento encontra-se a aguardar trabalhos que visam a sua conservação, valorização e acessibilidade à visitação e fruição patrimonial. 

Fonte - Endovélico

Anta do Olival da Pega 2 | Monsaraz


Monumento funerário megalítico (Neolítico Final/Calcolítico) de grandes dimensões (câmara e corredor com cerca de 20m), integrado numa estrutura tumular complexa com cerca de 40m de diâmetro. É constituído por uma câmara fechada, ainda coberta por um chapéu de consideráveis dimensões. O corredor tem cerca de 16m de comprimento e terá sido construído em duas fases: inicialmente com dimensões menores e posteriormente aumentado. Foram aparentemente acrescentados, à estrutura original, dois esteios de xisto (e não de granito, como os restantes) profusamente gravados com "covinhas", que parecem preencher quase integralmente a totalidade visível das faces. No exterior do primeiro esteio esquerdo do corredor, foram recolhidos ossos humanos muito deteriorados e um pequeno conjunto de artefactos, entre os quais um objecto metálico losangular, provavelmente de cobre, sendo admissível que se trate de um enterramento contemporâneo ao alongamento do corredor. De entre os artefactos registados destacam-se as placas de xisto (43). À entrada do corredor foi identificado um pequeno átrio, calçado por seixos. Foi também registado, anexo à estrutura tumular desta anta, um segundo monumento - um tholos da variante "alentejana". Situa-se do lado esquerdo do corredor e implicou alterações ao traçado deste, de forma a que a parte terminal fosse comum aos dois monumentos. O acesso à câmara, a partir da área mesial do corredor, de onde os construtores do tholos removeram uma tampa, foi intencionalmente obstruído por lajes de xisto e pedras de dimensão variável.

Passeios de Primavera pelo Megalitismo de Monsaraz, conduzidos pelo Professor Doutor Manuel Calado - 13 de Abril de 2013.

FonteEndovélico

Pedra Moirinha | Portimão


Penedo rudemente afeiçoado, de sienito nefelínico, originalmente proveniente da Serra de Monchique e actualmente assente em terrenos calcários argilosos (miocénicos), em Portimão. A Pedra Moirinha, além dos recorrentes mitos e lendas populares, envolve-se num controverso mistério científico, relativamente ao fenómeno que a mobilizou desde as cumeadas da Serra de Monchique, até ao seu actual destino, na zona poente da cidade da Portimão, a sul da colina da Boa Vista.

Por um lado, a doutrina geológica não parece admitir a ocorrência de fenómenos glaciáricos ibéricos abaixo dos 1600 metros de altitude, o que neste caso inviabiliza o transporte desta grande rocha por via glaciar. Por outro lado, e admitindo tratar-se de uma acção antrópica, sem aparente atribuição funcional, resta-nos uma motivação ritual, um menir enquadrável na cultura mágico-religiosa megalítica. Nesse caso, ainda podem ser levantas duas questões: a singularidade morfológica de um menir de cerca de 20 toneladas e a dificuldade logística do transporte de um megálito desta envergadura, ao longo de cerca de 20 km de terrenos acidentados por elevações, vales e linhas de água.

Posto isto, seja esta "incrível migração" responsabilidade da Natureza ou de autoria humana, tratou-se, sem dúvida, de uma notável empresa, perpetuada, mais não seja, pela própria rocha, orgulhosamente indissolúvel aos tempos, e por um justo topónimo urbano - "o sítio da Pedra Mourinha".



Menires de Milrei | Vila do Bispo

Junto ao marco geodésico de Milrei (Vila do Bispo) foi disposto um conjunto de 21 menires, alguns com vestígios de decoração (covinhas e cordões de elipses em relevo).

Pré-história das zonas húmidas 2011




Conferência Internacional
 - Pré-história das Zonas Húmidas - Paisagens de Sal
A conferência internacional sobre a Pré-história das zonas húmidas, com particular enfoque na exploração de sal, decorrerá em Setúbal, de 19 a 21 de Maio de 2011 e será organizada pelo Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal (MAEDS), em parceria com SIMARSUL.
A decisão de organizar esta conferência resultou do desenvolvimento de um projecto de investigação sobre o Neolítico final/Calcolítico da Ponta da Passadeira, arqueossítio localizado no estuário do Tejo (concelho do Barreiro), dedicado à exploração de sal. Este estabelecimento, semelhante ao de Marismilla, no Guadalquivir, ou ao Possanco, no Sado, permite defender uma divisão socioterritorial do trabalho entre o interior e o litoral da Península Ibérica no final do IV e III milénios BC. 
O estudo da ocupação humana nas margens das zonas húmidas ou simplesmente da sua exploração no quadro dos respectivos territórios de captação de recursos, tem, em Portugal, uma longa tradição nos estuários do Tejo e Sado, onde se focalizou nos concheiros mesolíticos de Muge e Sado, prosseguindo hoje com renovadas equipas das universidades de Lisboa e Algarve e rejuvenescidas problemáticas. 

O MAEDS tem desenvolvido também projectos de investigação no litoral ocidental em áreas que abrangem os paleo-estuários de pequenos cursos de água, pondo em relevo a atractividade desses meios aquáticos, para os humanos, especialmente no Mesolítico e Neolítico. 
Sítios do Neolítico antigo, como Vale Pincel I e Castelo Belinho, situados na Costa Sudoeste portuguesa, têm desencadeado projectos de investigação que incidem sobre áreas de ecótono da orla litoral em que a exploração dos recursos marítimos faz parte da economia e condiciona as próprias estruturas ideológicas e culturais dessas populações. 

Discutir e reflectir sobre as problemáticas da ocupação e da exploração económica dos ecossistemas mais produtivos da biosfera para as nossas latitudes é também projectar no futuro essas potencialidades, recuperando o saber de uma aprendizagem milenar. 

Pretende-se que a Conferência seja um forum onde investigadores que desenvolvem projectos que de alguma forma se relacionam como meios aquáticos se possam encontrar, havendo obviamente lugar para todos os interessados nestas matérias, mesmo que vinculados a outros domínios científicos, e para estudantes. 
A conferência incluirá uma visita à região, que decorrerá no Sábado dia 21 de Maio. 

A comissão organizadora e as instituições apoiantes têm, pois, a honra de o convidar a participar na Conferência Internacional sobre Pré-história das Zonas Húmidas. Paisagens de Sal.