Penedo rudemente afeiçoado, de sienito nefelínico, originalmente proveniente da Serra de Monchique e actualmente assente em terrenos calcários argilosos (miocénicos), em Portimão. A Pedra Moirinha, além dos recorrentes mitos e lendas populares, envolve-se num controverso mistério científico, relativamente ao fenómeno que a mobilizou desde as cumeadas da Serra de Monchique, até ao seu actual destino, na zona poente da cidade da Portimão, a sul da colina da Boa Vista.
Por um lado, a doutrina geológica não parece admitir a ocorrência de fenómenos glaciáricos ibéricos abaixo dos 1600 metros de altitude, o que neste caso inviabiliza o transporte desta grande rocha por via glaciar. Por outro lado, e admitindo tratar-se de uma acção antrópica, sem aparente atribuição funcional, resta-nos uma motivação ritual, um menir enquadrável na cultura mágico-religiosa megalítica. Nesse caso, ainda podem ser levantas duas questões: a singularidade morfológica de um menir de cerca de 20 toneladas e a dificuldade logística do transporte de um megálito desta envergadura, ao longo de cerca de 20 km de terrenos acidentados por elevações, vales e linhas de água.
Posto isto, seja esta "incrível migração" responsabilidade da Natureza ou de autoria humana, tratou-se, sem dúvida, de uma notável empresa, perpetuada, mais não seja, pela própria rocha, orgulhosamente indissolúvel aos tempos, e por um justo topónimo urbano - "o sítio da Pedra Mourinha".
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