Monumento Megalítico de Santa Rita | Vila Nova de Cacela


O monumento megalítico de Santa Rita foi Identificado em 2001, na sequência de prospecções de levantamento do património cultural imóvel de Vila Nova de Cacela (Vila Real de Santo António). Na altura afloravam três esteios integrados no seu anel perimétrico. Encontra-se num plano de meia-encosta de um cénico anfiteatro natural que se abre a sul, em terrenos argilosos muito degradados.
Em 2006, o monumento foi alvo de uma primeira intervenção, dirigida pelo arqueólogo Nuno Inácio, que visou averiguar o estado de conservação do túmulo e dos níveis arqueológicos subjacentes. Cedo se percebeu que o monumento se encontrava selado, não tendo sofrido violações. Procedeu-se então ao registo integral planimétrico e fotográfico das estruturas emergentes à superfície; à interpretação e integração preliminar do túmulo megalítico dentro do contexto funerário de carácter regional; à execução de medidas de salvaguarda que permitissem a sua conservação para intervenção arqueológica subsequente, integrada em projecto de investigação de maior envergadura, comportando a valorização do monumento megalítico e a sua classificação. Nesta sequência, em 2007 realizou-se uma 2.ª campanha de escavação.
Os trabalhos desenvolvidos em 2007 e 2008 documentaram um contexto arqueológico definido por uma estrutura tumular com soluções arquitectónicas que mostram claras afinidades com os monumentos de Nora e Marcela, identificados por Estácio da Veiga na  região de Cacela. O excelente estado de conservação não só permitiu definir as pautas de construção e reconstituir o seu aspecto primitivo, como possibilitaram avaliar as práticas sociais articuladas à sua utilização como ossário (deposições secundárias). A existência de uma necrópole externa, onde foram identificadas seis sepulturas e um mínimo de oito indivíduos, enquadráveis cronologicamente num amplo espectro temporal, desde os meados do 2.º Milénio A.N.E. até finais do 1.º Milénio A.N.E., veio reforçar a sua importância como lugar de memória e de continuidade ritual. No entanto, a ocupação deste local parece estender-se até ao século IV ou V da nossa Era, como demonstram os contextos arqueológicos e os remanescentes artefactuais documentados.
As intervenções permitiram recuperar um túmulo megalítico edificado com blocos de arenito vermelho (grés), sendo constituído por câmara e corredor, bem definidos em planta e alçado, parcialmente implantado no local substrato geológico de xistoso-grauváquico. O corredor apresenta cerca de 5m de comprimento por 0,9m de largura, não ultrapassando 1m de altura. A câmara apresenta cerca de 5m de comprimento por 2,2m de largura e ainda conserva alguns esteios de cobertura. A sua porta de entrada foi esteticamente  diferenciada por uma moldura de peças de calcário. A câmara funerária seria depois coberta por um tumulus ainda conservado nalguns sectores. Delimitando o tumulus foi identificado um anel pétreo de lajes fincadas "em cutelo" no solo, num alvéolo de implantação escavado para o efeito. Um segundo anel foi ainda identificado a oeste de câmara.
Actualmente o monumento encontra-se a aguardar trabalhos que visam a sua conservação, valorização e acessibilidade à visitação e fruição patrimonial. 

Fonte - Endovélico