Gruta da Furninha | Peniche

Aberta nas falésias calcárias do rebordo Sul da península de Peniche, cerca de 15 metros acima do actual nível médio do mar, a Gruta da Furninha foi integralmente escavada por Nery Delgado (Comissão Geológica) por altura do Congresso de Lisboa de 1880.

A cavidade cársica desenvolve-se por cinco áreas distintas: o átrio exterior, onde aflora a rocha de base; o corredor de entrada, com uma altura superior a 4 metros e uma largura média de cerca de 3,5 metros, onde a espessura dos sedimentos aumentava gradualmente em direcção ao interior da gruta, atingindo cerca de 1 metro na ampla sala central; a sala NW, separada da anterior por um estrangulamento sifonado bastante marcado; o corredor em cotovelo que da sala central se dirige para nascente e em cuja base se abre um poço, que após escavado o seu depósito revelou uma sequência sedimentar com cerca de 11 metros de potência. A base deste poço deve comunicar com uma pequena galeria que se abre na base da escarpa, ao nível do mar, onde actualmente ainda é possível observar uma brecha com indústria e fauna plistocénica.

Nery Delgado identificou e descreveu dois grandes horizontes estratigráficos: o "entulho superior" – uma necrópole neo-calcolítica com restos ósseos de 140 indivíduos (Neolítico Antigo e Neolítico Final/Calcolítico); e as "areias quaternárias" nas quais se registaram abundantes vestígios faunísticos e artefactos atribuíveis ao Acheulense e Paleolítico Médio. Entre os materiais do "entulho superior" foi isolada uma ponta Gravettese e uma folha de loureiro Solutrense. A generalidade dos foliáceos, atribuídos por alguns autores ao Solutrense, corresponde, na realidade, a punhais líticos do Neolítico.


Entrada/átrio exterior

Corredor de entrada

Sala central e estrangulamento sifonado
Sala central e corredor em cotovelo

Poço escavado por Nery Delgado
Cerâmicas do Neolítico Antigo
Liks:


the mind in the cave