Villa de Milreu | Estoi | Faro




A villa romana de Milreu constitui uma das mais representativas villae romanas do sul de Portugal. Situa-se no sopé da Serra de Monte Figo, perto de Estoi, a cerca de 7 km de Faro - a antiga Ossonoba. De facto, André de Resende, em 1570, atribuiu erradamente às ruínas romanas de Milreu a localização de Ossonoba. Esta falácia foi repetida na bibliografia até 1952, data em que Abel Viana faria irrefutável prova de que a antiga Ossonoba se encontrava sob o edificado do centro histórico de Faro. Entretanto, em 1877, Estácio da Veiga inicia uma extensa campanha de escavações, ainda perseguindo a ideia de uma Ossonoba em Milreu:

«Onde pus à vista a famosa catedral [...] descobri um opulento edifício balneário com 58 compartimentos, casas de habitação, oficinas industriais, arruamentos, canalizações, e nas ombras do Cerro de Guelhim o cemitério da cidade pagã, inteiramente separado dos monumentos e jazigos cristãos que tornearam o majestoso templo, de ordem coríntia, nos seus dois claustros circundantes e até invadirem o âmago da própria catedral». «[...] no plano inferior ao dos pavimentos desses nobilíssimos edifícios recamados de preciosos mosaicos e alicerces dos seus muros marchetados de mármores e pórfiros estavam os assentamentos de outros mais antigos predecessores, que usavam instrumentos de pedra».

Uma grande parte da área escavada por Estácio da Veiga foi logo reenterrada para reutilização agrícola.

Genericamente, trata-se de uma villa de peristilum, conservando o respectivo santuário bem preservado em alçado de tijolos, além de quartos de habitação, compartimentos de prestígio e termas. A leste deste núcleo central (pars urbana), desenvolve-se a área rústica da villa (pars rustica) e os vestígios de dois interessantes edifícios funerários romanos.

Este conjunto arqueológico foi declarado Monumento Nacional em 1932, sendo desde então alvo de escavações sistemáticas e diversas intervenções de consolidação, conservação e restauro, particularmente do conjunto de mosaicos.



Peristilum com colunas e mosaicos representando peixes:




Impressionante edifício religioso sobre podium, conservando muros de tijolo maciço até ao arranque das abóbadas:










Termas apodyterium com bancos e nichos:


Frigidarium com mosaicos figurativos com peixes:





cellarium em dolia:



Outros aspectos:





Edifício rectangular alongado, com 4 pequenos cunhais/torreões cilíndricos providos de frestas para tiro. A actual casa germinou de um pequeno monte erigido no século XV, sobre as ruínas romanas (lagar), sofrendo diversos episódios de remodelação e reconstrução, sendo utilizado até meados do século XX, enquanto casa de habitação e centro de actividade agrícola. Representa o melhor conservado exemplar de arquitectura rural fortificada existente em todo o Algarve.

Esta antiga casa rural serve actualmente de morada a exposições temporárias, nomeadamente de arte contemporânea, tendo agendada para Abril de 2012 a presença de Sara Navarro com um conjunto de esculturas em terracota, no âmbito da investigação A Arqueologia como pretexto para a Escultura.






















De referir um importante conjunto lapidar exumado em Milreu, actualmente repartido entre o Museu Nacional de Arqueologia em Lisboa, Museu Regional de Lagos e o Museu Municipal de Faro.

Busto em mármore do Imperador Adriano
(Museu Municipal de Faro)

Busto em mármore de Agripina
(Museu Municipal de Faro)